quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Borboleta

Não tem jeito. Basta ser mãe uma vez. O frio na barriga, o coração tremendo, a emoção tomando conta de seu ser, é algo eterno quando se tem um filho. As crianças estavam arrumadas para a apresentação da Primavera. Mas, a turma de minha filha não. Pensei e comentei com uma amiga, se a turminha dela e da amiguinha (filha dessa amiga) não iriam se fantasiar. As crianças estavam lindas. Quando para minha surpresa a turma toda se levantou e seguiu para o banheiro. Eu estava na espera, ansiosa para ver o que sairia dali. Ela estava simplesmente maravilhosa. Minha emoção era gigante. Uma linda borboleta. Que menina linda. Linda naturalmente, e com aqueles apetrechos então, beirava a perfeição. A máquina registrava cada passo seu. Podem os anos passar, as datas serem diferentes, as danças com cada objetivo, mas a menina era sempre a mesma. O carisma vindo daquele ser tão inocente, era sempre presente. Meu amor fizera mais uma apresentação, e seus olhinhos seguiam na direção dos meus, com o orgulho próprio de estar se apresentando para alguém de grande importância em sua vida: a mãe. Sim filha, meus olhos estavam grudados em você. Meus olhos estão sempre grudados em você. Pedaço de mim. Meu fruto. Meu amor. Meu orgulho. Meu viver. Basta ser mãe uma vez, para entender o que é ter um pedaço de sua alma, em outra alma. Aquela menina é meu coração, fora de mim. A pessoa mais importante de minha vida. A pessoa que sem a qual, minha vida seria vazia. A pessoa que me faz ter força. A pessoa que me ajuda nas horas tristes. A pessoa que é dona de meu sorriso. Minha amiga. Minha namorada. Minha vida. Minha magia. Minha vida eterna. A festa da Primavera se foi, mas a mesma deixou a mais linda flor...em meu jardim. Minha filha.
Juli

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O Raio-X


Eu realmente estava preocupada. Meu relacionamento estava desgastado. Foram anos lutando para encontrar felicidade naquela relação. Em vão. Mas, havia possibilidade de ser apenas uma inflamação ginecológica. Eu demorei muito tempo para engravidar. Dois anos. Com a relação acabando, por um fio, achava que Deus não colocaria um ser... em meu ventre. Eu havia planejado uma vida familiar perfeita. E eu estava prestes a me separar. Daria tudo errado.
Raio-X e exame de sangue. Não me lembro se já havia colhido sangue, quando fui fazer o raio-x. Agradeço cada dia, por aquele médico da clínica, ter me negado fazer aquele exame de raio-x.
- Tem possibilidade de estar grávida? Por qual motivo está fazendo esse raio-x? – ele me perguntou já dentro da sala de raio-x.
- Bom dr...eu estou fazendo esse exame pela ausência de menstruação. E também o de sangue – respondi com certa dúvida.
- Eu não posso realizar esse exame se você me afirmar que teve uma relação sem proteção – ele me falou de um jeito cuidadoso e atencioso.
- Melhor não fazermos dr. Eu tive relações desprotegidas com meu noivo – respondi.
- Então é melhor você ir, fazer os exames de sangue, verificar se está grávida ou não, e se não estiver, prometo que faço o exame na hora para você. Nem precisa marcar horário. Seu nome estará anotado – me disse de maneira atenciosa e extremamente profissional.
Eu saí feliz daquela sala. A partir daquele momento, comecei a acreditar na possibilidade de estar grávida. Tive medo de meu pai, que me levara para realizar tal exame. Medo de sua reação, ao saber que o médico se negou a fazer a radiografia. Mas tudo correra bem naquele dia.
Dias depois, tive a confirmação. Eu estava grávida. E até hoje, o rosto e semblante daquele homem, permanecem em minha mente. Graças a ele, minha filha não correu riscos com radiação. O profissionalismo e cuidado daquele homem, valeu por tudo até hoje. Minha gratidão é eterna. Eterna.
Assim, como estou aprendendo a ser grata eternamente ao pai dela também. Circunstâncias da vida me fazem não conseguir perdoar plenamente as pessoas. Eu estou trabalhando nisso. Perdoando serei alguém melhor. Mas, consigo ter gratidão. Ele foi a metade que eu precisava para ter essa menina, esse ser, essa alma iluminada, a quem devo minha vida. A quem pertenço de corpo e alma. Minha filha. Se nossa história estava escrita para ser assim, que seja assim então. Eu precisei dele, para poder tê-la em meu caminho. Eu precisei dele em meu caminho. Hoje, eu tenho em minha vida a maior riqueza que eu poderia ter. Uma menina.

Juli.