quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Borboleta

Não tem jeito. Basta ser mãe uma vez. O frio na barriga, o coração tremendo, a emoção tomando conta de seu ser, é algo eterno quando se tem um filho. As crianças estavam arrumadas para a apresentação da Primavera. Mas, a turma de minha filha não. Pensei e comentei com uma amiga, se a turminha dela e da amiguinha (filha dessa amiga) não iriam se fantasiar. As crianças estavam lindas. Quando para minha surpresa a turma toda se levantou e seguiu para o banheiro. Eu estava na espera, ansiosa para ver o que sairia dali. Ela estava simplesmente maravilhosa. Minha emoção era gigante. Uma linda borboleta. Que menina linda. Linda naturalmente, e com aqueles apetrechos então, beirava a perfeição. A máquina registrava cada passo seu. Podem os anos passar, as datas serem diferentes, as danças com cada objetivo, mas a menina era sempre a mesma. O carisma vindo daquele ser tão inocente, era sempre presente. Meu amor fizera mais uma apresentação, e seus olhinhos seguiam na direção dos meus, com o orgulho próprio de estar se apresentando para alguém de grande importância em sua vida: a mãe. Sim filha, meus olhos estavam grudados em você. Meus olhos estão sempre grudados em você. Pedaço de mim. Meu fruto. Meu amor. Meu orgulho. Meu viver. Basta ser mãe uma vez, para entender o que é ter um pedaço de sua alma, em outra alma. Aquela menina é meu coração, fora de mim. A pessoa mais importante de minha vida. A pessoa que sem a qual, minha vida seria vazia. A pessoa que me faz ter força. A pessoa que me ajuda nas horas tristes. A pessoa que é dona de meu sorriso. Minha amiga. Minha namorada. Minha vida. Minha magia. Minha vida eterna. A festa da Primavera se foi, mas a mesma deixou a mais linda flor...em meu jardim. Minha filha.
Juli

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O Raio-X


Eu realmente estava preocupada. Meu relacionamento estava desgastado. Foram anos lutando para encontrar felicidade naquela relação. Em vão. Mas, havia possibilidade de ser apenas uma inflamação ginecológica. Eu demorei muito tempo para engravidar. Dois anos. Com a relação acabando, por um fio, achava que Deus não colocaria um ser... em meu ventre. Eu havia planejado uma vida familiar perfeita. E eu estava prestes a me separar. Daria tudo errado.
Raio-X e exame de sangue. Não me lembro se já havia colhido sangue, quando fui fazer o raio-x. Agradeço cada dia, por aquele médico da clínica, ter me negado fazer aquele exame de raio-x.
- Tem possibilidade de estar grávida? Por qual motivo está fazendo esse raio-x? – ele me perguntou já dentro da sala de raio-x.
- Bom dr...eu estou fazendo esse exame pela ausência de menstruação. E também o de sangue – respondi com certa dúvida.
- Eu não posso realizar esse exame se você me afirmar que teve uma relação sem proteção – ele me falou de um jeito cuidadoso e atencioso.
- Melhor não fazermos dr. Eu tive relações desprotegidas com meu noivo – respondi.
- Então é melhor você ir, fazer os exames de sangue, verificar se está grávida ou não, e se não estiver, prometo que faço o exame na hora para você. Nem precisa marcar horário. Seu nome estará anotado – me disse de maneira atenciosa e extremamente profissional.
Eu saí feliz daquela sala. A partir daquele momento, comecei a acreditar na possibilidade de estar grávida. Tive medo de meu pai, que me levara para realizar tal exame. Medo de sua reação, ao saber que o médico se negou a fazer a radiografia. Mas tudo correra bem naquele dia.
Dias depois, tive a confirmação. Eu estava grávida. E até hoje, o rosto e semblante daquele homem, permanecem em minha mente. Graças a ele, minha filha não correu riscos com radiação. O profissionalismo e cuidado daquele homem, valeu por tudo até hoje. Minha gratidão é eterna. Eterna.
Assim, como estou aprendendo a ser grata eternamente ao pai dela também. Circunstâncias da vida me fazem não conseguir perdoar plenamente as pessoas. Eu estou trabalhando nisso. Perdoando serei alguém melhor. Mas, consigo ter gratidão. Ele foi a metade que eu precisava para ter essa menina, esse ser, essa alma iluminada, a quem devo minha vida. A quem pertenço de corpo e alma. Minha filha. Se nossa história estava escrita para ser assim, que seja assim então. Eu precisei dele, para poder tê-la em meu caminho. Eu precisei dele em meu caminho. Hoje, eu tenho em minha vida a maior riqueza que eu poderia ter. Uma menina.

Juli.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Minha velhice


A lei é falha. A justiça é lenta. O prejuízo à um filho é imperdoável. Querer atingir alguém, que não lhe ama mais, através do filho, é hipocrisia e ignorância. Mas ainda assim, eu acredito que tudo tem um propósito. Nem sempre o que aqui se faz, aqui se paga. Mas num futuro próximo eu sei, lá no fundo de minha alma, que essa pessoa que tanto mal faz a um ser que ele próprio gerou...ainda vai sofrer. Vai sofrer a solidão e depressão pelo mal que ele próprio causou. Pois, esses filhos...abandonados e prejudicados...jamais o verão com o melhor que a vida pode oferecer...que é simplesmente o mais verdadeiro e puro sentimento, perante pais e filhos...jamais sentirão vindos de um filho prejudicado...que é o amor. Em algum momento de sua vida, estará travado em uma cama, estará sozinho num quarto, num asilo abandonado, sem o amor de minha filha. Mas também sei, que eu sou mulher que batalha. Eu sou mulher que ama o que gerou. Sou um ser, dotado de capacidade de vencer as batalhas que a vida impõe. E essa, eu também vencerei. Por que quando a minha velhice chegar, eu terei o amor e carinho de minha filha, a pessoa mais importante da minha vida. Eu verei minha filha se formando na faculdade. Sendo também, vencedora como eu. Poderei ter o prazer imenso, de carregar no colo, segurar em meus braços, os meus netos. O outro lado...não. Eu te amo filha. Eu te amo mais do que a mim mesma. É incondicional. É mágico e inexplicável. Obrigada Deus e Universo, obrigada vida, por ter me permitido a dádiva de ser mãe da Carolina. Obrigada filha, por ter me escolhido para ser sua mãe e lhe ajudar em sua caminhada nessa vida. Eu tenho um orgulho imenso de dizer que EU sou sua mãe. Que cada célula de teu corpo, que cada luz de seu espírito, foi dentro de mim que se iniciou. Obrigada Deus, por eu ter o privilégio de sentir o amor. Te amo menina.

Juli

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O Coelho

Algumas pessoas ainda me perguntam, por quais motivos eu continuo alimentando a fantasia infantil, de que um coelho existe na Páscoa, e ele é o responsável pelo sorriso da criança, hoje com sete anos de idade. Eu me pergunto que obstáculo e adversidades, possam existir em alimentar tal fantasia. Não encontro uma resposta negativa. Como pude ler num e-mail sobre alguns pensamentos e frases que um dia recebi, a infância de nossas crianças, é uma só. Por isso, sigo fazendo da criança, apenas uma criança.
- Mamãe, como faço para pedir ao coelhinho da Páscoa me trazer o ovo dos “Enrolados”?
- É simples, filha, fale a qualquer momento em tom firme. Fale ao nada. Assim: “Coelhinho da Páscoa eu quero o ovo tal.” E seu pedido será feito. Com certeza, ele tem alguma maneira de saber exatamente que ovo você quer ganhar.
- Tá bom mamãe. Ô coelhinhoooo...coelhinho da Páscoa? Eu quero o ovo do filme “Enrolados”.
- Isso mesmo meu amor, garanto que seu pedido será atendido. Pode ficar tranqüila.
Alguns dias se passaram. E a mídia mais uma vez, vencera com sua propaganda puramente comercial. Foi quando recebi um telefonema no trabalho. Era minha filha.
- Mamãe, o ovo dos “Enrolados” está cancelado.
Naquele momento, pensei que talvez por algum defeito de brinde, estaria havendo um recall ou qualquer coisa do tipo. Fiquei intrigada.
- Como assim filha? O que houve?
- Eu quero o ovo do I-Carly – disse-me com toda alegria contagiante.
- Existe esse ovo filha?
- Sim, mamãe acabou de passar na televisão.
I-Carly é um programa com episódios que duram cerca de meia hora. Conhecemos o programa pela Nick, mas hoje podemos ver também na Globo. Trata-se de um gênero de comédia. É realmente engraçado, divertido e que faz qualquer pessoa de 0 a 100 anos dar boas risadas. Tem um humor interessante.
- Então, filha... diga novamente ao coelhinho que quer esse ovo. Ainda temos tempo de mudar a opção. Com certeza, ele vai lhe atender, você é muito boazinha não é?
- Tá bom mãe.
E lá foi a mãe pesquisar no amigo Google, sobre o ovo do I-Carly. Exclusividade Lojas Americanas. E lá foi a mãe para uma filial. Além do ovo do I-Carly, fui acometida por um formigamento nas mãos que me forçara a agarrar o ovo do filme Rio, que tínhamos acabado de assistir no cinema, no fim de semana que se passara.
Sábado à noite temos um compromisso. Eu e minha filha. Precisamos arrumar a caminha do coelhinho, caso queira descansar, a cenoura para que se alimente, e a água para matar sua sede. Assim, ao acordarmos no domingo, a caminha estará desarrumada, a água pela metade e apenas um pedaço do que sobrou da cenoura. Com dois Ovos de Páscoa para a alegria plena da menina de sete anos. Pode ser que esta seja a última vez, que eu tenha este privilégio de fantasiar a existência de um coelho de Páscoa.
(Não entrei em detalhes de comércio e religião, pois não é o objetivo deste post)
Juli.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A Carta

Receber uma carta. Eu não tenho nem idéia de quando recebi a última carta, daquelas que vem pelo correio. Logicamente, eu não me refiro às famosas contas que não se perdem pelo caminho. Nossa caixa de correio, se faz...como parada obrigatória. Dificilmente recebo também cartão de Natal, ou cartão Postal. Tudo isso vem pela internet. Ano passado recebi uma carta de uma amiga do trabalho. Perdeu seu tempo comigo. Pensou em mim, a cada palavra que escrevia. Tudo fora pensando em mim. A idéia de escrever uma carta para a Juli, a escolha de uma folha bem bonita para escrever, o pensamento no que colocaria no papel, os coraçõezinhos enfeitando meu nome, a finalização e desfecho da carta, e a entrega. Tudo isso, pensando em mim. Não digo que os e-mails carinhosos vindos de outros, não sejam imensamente gratificantes. Mas, aquela carta tem um valor especial. O carinho percorreu seu cérebro e atingiu seus dedos, que guiaram a escrita amorosa. Usou nervos e músculos mínimos para gastar energia com tal ato. A entrega fora fácil. Em mãos. Mas, pelo correio eu nunca mais recebi, desde a infância. Convites de aniversário e casamento, sim...chegam pelo correio. Mas, uma carta...demonstrando amor...não. Qualquer tipo de amor. As pessoas não fazem mais isso. Cada vez menos demonstram amor. Por que isso acontece? Chego a pensar que as pessoas devem achar que um e-mail é mais fácil, mais rápido...e pensam também que surtirá o mesmo efeito do que entregar uma carta de próprio punho. Pura preguiça. Os casais de namorados ainda possuem isso, creio eu. Devem trocar bilhetinhos amorosos. Ao menos no meu caso, eu sempre fiz isso. Quando namorava o pai de minha filha, o enchia de cartinhas. Quando estava interessada em alguém, fazia o mesmo. Quando era criança, mandava para meu pai. Não tenha preguiça. Não deixe a cólera e o tédio lhe tomarem parte. O ato de escrever ainda deve ser cultivado. É trabalhoso, porém gratificante para ambos os lados. Escolher o papel, formular a redação, executar o texto, dobrar o papel, escolher o envelope, fechar o envelope, e endereçar, são atitudes que requerem trabalho. Mas...é algo simples. Leve ao correio, poste. É barato, não custa um absurdo. Mas tem um efeito grandioso. O brilho no olhar de quem recebe uma carta repleta de carinho, é instantâneo e mágico. Espero ainda um dia...abrir a caixa do correio...e me deparar...com uma simples...carta.
Juli.

terça-feira, 5 de abril de 2011

O Menestrel mais uma vez

Em algum momento de nossas vidas, somos acometidos por determinada situação que nos faz cair em profunda tristeza, muitas vezes, até a depressão. Não faz muito tempo, meu coração fora dilacerado por uma foice que me fez sangrar tristeza até eu cair. Foi quando uma amiga me apresentou o texto abaixo. Hoje, me encontro em meio a dúvidas que deixam minha mente em funcionamento contínuo, tirando-me qualquer possibilidade de sono. Por isso, voltei a reler o texto. E apresento a vocês.

“O Menestrel

Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se. E que companhia nem sempre significa segurança.
Começa a aprender que beijos não são contratos e que presentes não são promessas.
Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.
E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam… E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la… E que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.
E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos de mudar de amigos, se compreendemos que os amigos mudam… Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida, são tomadas de você muito depressa… por isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas para onde está indo… mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve.
Aprende que, ou você controla seus atos, ou eles o controlarão… e que ser flexível não significa ser fraco, ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem, pelo menos, dois lados. Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.
Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve, e o que você aprendeu com elas, do que com quantos aniversários você celebrou.
Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens… Poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Aprende que ninguém pode calcular a potência venenosa de uma palavra má num peito amante.
Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém… Algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte.
Aprende que o tempo não é algo que possa voltar.
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!
Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar...se não fosse o medo de tentar...”
William Shakespeare.


Juli Wood.


segunda-feira, 21 de março de 2011

Bullying

O termo ficou famoso há pouco tempo. Lembro-me que no meu período escolar, tais atos eram conhecidos como “aloprar”, “zuar”, alguém. Nunca havia ouvido falar em “bullying”. Trata-se de agressões físicas e/ou psicológicas que acometem um ser, repetidas vezes. Para minha sorte, eu não tive problemas em sofrer “bullying”. Ao menos, não me recordo. Como são agressões marcantes, principalmente por fatores psicológicos, se eu tivesse sofrido isto, com certeza... lembraria. Em algum momento da minha vida, passei a ter um apelido. Hoje, com quase 31 anos completos, alguns amigos ainda me chamam de Pulga. Nunca fui contra tal apelido. Falar de Juli, seria algo amplo, existem muitas Julis por aí. Mas...falar da Pulga, era como que uma exclusividade. Quem foi? A Ju. É amplo, ainda caberia uma explicação sobre qual Ju seria a pessoa em questão. Quem foi? A Pulga. A imagem da menina magrelinha e que jogava um belo futebol com sua canhotinha, já tomava conta dos cérebros envolvidos no diálogo. Era uma exclusividade. Sempre gostei. Meu namoradinho Octavio ligava em casa, e meu pai atendia:
- A Pulga está?
- Sim, quem quer falar? – Meu pai respondia na maior naturalidade.
- O namorado dela.
Nesse momento, meu pai fervia.
Para meu aprendizado, eu fui autora de “bullying”. Ainda criança, não era uma pré-adolescente. Não sabia exatamente o que eu estava causando na outra criança. Meus pais nunca foram chamados pela escola, provavelmente porque a menina que sofria as agressões, nunca reclamara.  Infelizmente, não me recordo de seu sobrenome e por isso, não pude encontrá-la nas redes de relacionamento. Queria pedir perdão. Talvez tudo fosse diferente se meus pais tivessem sido chamados. Eu teria maior consciência do mal que estava fazendo. A menina chamava-se Camila. Na verdade, era um amor de menina. Tinha um tom de pele, bem claro. Era muito, muito, muito branquinha. Talvez, essa diferença que tenha despertado em mim, qualquer preconceito (inconsciente) e achado que ela merecia tal agressão. Para falar a verdade, eu enchia muito a paciência daquela menininha. Sem motivos. Por favor, não se esqueçam de que eu era uma criança, e realmente não sabia o que estava fazendo. Se eu fosse pré-adolescente, a história teria outro sentido. Eu cometia sem sombra de dúvidas, o famoso “bullying”, eu literalmente aloprava a Camila. Ela nunca me fez absolutamente mal nenhum. As minhas agressões cessaram quando Camila tomou coragem e me fez as pernas ficarem bambas. Meu coração doeu. Meu sangue ficou mais quente. Senti um calafrio na cabeça. Nunca mais eu cometi nenhum tipo de agressão do tipo. Ela me ensinou o que é respeitar a todos, independente de classe social, cor, credo, idade e etc.
- Macaca! – era como eu a chamava diariamente.
- Pára Pulga!
- Sua macacaaaaaaa! – eu gritava.
A menina se colocava a chorar. Eu, sentia um ar superior e a deixava para trás. Até o dia em que Camila, foi muito mais superior do que qualquer criança.
- Macaca! – eu novamente.
Camila chegou perto de mim e aos meus ouvidos sussurrou:
- Me faz um favor, Pulga? – disse-me baixinho.
Parei por segundos, percebendo que algo estava errado. Ela nunca me pedira nada. Balancei com a cabeça dizendo que poderia fazer um favor a ela.
- Não me chama mais de macaca, porque isso me magoa. – sussurrou mais uma vez.
Naquele momento, eu concordei. Senti-me muito mal. Sofri os sintomas físicos citados acima, e uma dor psicológica muito grande. Nunca havia passado na minha cabeça que eu a estaria magoando. Eu não pude observar isso naquela menininha branquinha. O episódio fora tão marcante em minha vida, que até hoje se tornara algo inesquecível. Que isso sirva de lição, para eu poder ensinar a minha filha, que não devemos em hipótese alguma, machucar outra pessoa. Que devemos prestar atenção, pois mesmo sem perceber, podemos ainda assim, estar magoando alguém. Alguém que nos quer bem. Eu peço perdão à Camila. Peço desculpas pelas lágrimas que em seu rosto eu fiz correr. Nunca mais eu agredi a menina. Ao contrário, sempre a chamava para brincar. Queria estar ao lado daquela menina, que um dia eu magoei.
Juli.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Proteção

Perdoem-me meus amigos e leitores sobre o texto a seguir. É apenas a minha opinião. Não é uma crítica destrutiva. É algo construtivo.
A moda tem uma velocidade fora do comum. Alastra-se mais rapidamente que uma epidemia. Em muitas coisas, eu – particularmente falando – não sou contra. Dependendo do caso, do que se trata uma situação de moda, sou sim... contra. Fumar maconha para estar na moda, não tem meu consentimento. Uma criança usar tênis coloridos, super luminosos, como os daqueles integrantes da banda “Restart” não me cabe como algo ruim. A moda é dependente do tempo. E se você estiver fora da moda, deixe os críticos falarem. Como aquela frase que também virou moda: “Falem mal, mas falem de mim”. Outro dia, mexendo no fundo do baú, minha mãe encontrou algo como que da Era do Gelo. Um sapato meu, marrom, daqueles modelos que possuem inúmeras bolinhas em sua sola. Um dia, aquele sapato, fez parte de uma moda. Ao me questionar sobre o futuro paradeiro do calçado, não hesitei em dizer que... poderia se desfazer. De qual maneira... eu não sei. Usar aquele sapato... seria dar a cara para bater. Antiquado. Não me preocupei tanto com as críticas que eu receberia, mas sim, com meu sentimento de que aquilo era realmente parte de um passado. Use, mesmo fora de moda, mas tenha bom senso. Usar aquilo, ao meu modo de ver, seria muito antiquado e sem noções de épocas da história humana.
 O que muito vejo hoje são aqueles adesivos de automóveis. Pura moda.  São eles, a representação de uma família. São eles, a representação do que você quiser. Vi muitos interessantes. Um deles, eu estava no carro, com meu pai.
- Olha pai!
- O que? – me perguntou sem saber onde olhar.
- Ali, aquela montagem dos adesivinhos – e apontei para o carro da frente.
Uma mulher havia colocado uns adesivinhos assim: uma mulher e ao lado, uma cegonha levando em seu bico, um pacote. Estava claro para mim, que... ela estava grávida...e solteira. Achei aquilo, de uma criatividade grandiosa. Num outro carro, vi uma mulher e dois homens. Bárbaro. Adoro quem tem senso de humor e sabe usá-lo.
Passei a reparar mais nos adesivinhos e analisar assim, a criatividade das pessoas. Vi coisas incríveis. E pude reparar através de três automóveis, que até mesmo nesses adesivinhos, pode haver psicologia.
Meu pai me ensinara, desde criança sobre a importância de proteção e cavalheirismo. Quando ando na rua com meu pai, de mãos dadas como já citei um dia, ele me coloca para o lado interno da calçada. O homem fica então, do lado de fora. Aprendi que isso é cavalheirismo, pois se um carro perde o controle, atropela primeiramente... o homem. Com crianças, deve-se fazer o mesmo. Leva-se segurando pelas mãos, estando ela... do lado interno da calçada. Proteção. Foi quando um dia, eu reparei na sequência dos adesivos. A maioria das pessoas, está colando primeiramente o homem, seguido da mulher e enfim, as crianças. Alguns ainda, colocam seus animais de estimação, por último. Em se tratando de psicologia e cavalheirismo, essa é a sequência correta. E a grande maioria cola a sequência toda, do lado esquerdo do carro. Lemos assim. Da esquerda, para a direita. Pode-se raciocinar então que, a rua está realmente do lado externo do carro e da sequência de adesivos. Claro... cada um cola da maneira como quer...não existe uma regra. Pensando dessa maneira, confirmam-se mais uma vez, o sentido e instinto de proteção, afinal de contas... não existe a regra dos adesivinhos. Ainda não colei em meu carro, provavelmente farei isso, no final de semana. Serei eu, minha menina, e dois gatos. Nessa sequência da esquerda para a direita. Até hoje, desde que a moda começou, eu vi três carros que me passaram uma impressão ruim, neste sentido psicológico. As crianças estavam coladas na parte externa, a extrema esquerda do automóvel, seguidas de seus pais. Psicologicamente falando e pensando, analisando um pouco mais, tive a sensação de que os pais, donos daquele automóvel, naquela família, se colocam muito a frente dos filhos. Pouco protegem. E não digo isso no sentido de aprovar uma super proteção. Sem exageros. Só tive uma sensação ruim com isso. Fica estranho pensar que, se ocorrer uma batida naqueles automóveis, as primeiras pessoas, ou o primeiro lado a ser atingido, serão as crianças. Parece algo do tipo “antes eles do que eu”. Com isso, eu realmente percebi que um simples adesivo...pode acabar mostrando muito mais...sobre você.
Juli.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Um milagre

Será um milagre? Parece ser. O processo denominado oxidação biológica me parece ser algo mágico. Um simples inseto é capaz de transformar a energia química em energia luminosa. Um processo químico, que ao desativar uma molécula, essa simplesmente emite... luz. Algumas das melhores experiências de minha infância e minha pré-adolescência ocorreram em acampamentos. No decorrer do tempo, vou postando mais histórias de acampamento. Ao menos... das minhas estadias fora de casa. Geralmente localizados no interior de São Paulo e estados adjacentes, foram alguns dos locais mais maravilhosos para um contato com a natureza. Não tinha mar. Não tinha areia. Tinha muito verde. E muitos bichos... pequenos e grandes. Estrelas brilhantes como os olhos de uma criança ao receber um presente surpresa. Eu não me recordo quando tive meu primeiro contato com essa espécie de insetos, mas lembro da minha experiência visual, nos acampamentos. Comecei a acampar, acredito que com 10 anos de idade. Viajava com a turma da escola. Ficávamos três dias e retornávamos. Tudo me deixava maravilhada. Minha mente carrega desde então, a imagem de um vaga-lume. Eram muitos. Piscavam. Suas luzes eram algo mágico e intrigante. Eu mal podia esperar para chegar a noite. Só para vê-los. Há muitos anos eu não vejo um vaga-lume. E você?
Depois de anos, resolvi buscar informações sobre a ausência desses insetos, ao menos na cidade de São Paulo. Nada encontrei. O material é defasado. O que aparenta é que as pessoas, nem se lembram que um dia viram um vaga-lume. E que importância tem...se eles existem ou não? Para mim isso importa, cada vez que me recordo deste inseto, lembro da magia que o envolve e noto que pela sua ausência... talvez minha filha nunca veja um. Caso você tenha alguma informação sobre o paradeiro de um vaga-lume, por favor, me comunique. Entendi anos depois o motivo de suas luzes. As cores das luzes variam de espécie para espécie. No caso dos insetos adultos, é um atrativo sexual, para que seja feito um encontro romântico e a espécie possa procriar e seguir com sua existência. Sua luz pode servir de defesa e ataque...a luz que me encantou, pode fazer o mesmo com outro inseto...e este...acaba virando comida. O problema é que o vaga-lume parece estar entrando numa fase de extinção. Isso acaba ocorrendo, pois as cidades grandes possuem muitos postes e luzes artificiais. Algumas fêmeas, vivem pelo chão e atraem seus namorados, pela luz. Com muita luz na cidade, essa comunicação fica comprometida. E o namoro simplesmente...não acontece. Um dos meus sonhos é mostrar um vaga-lume para minha filha. Tatu-bolinha está difícil também. Tive tanto contato com esses insetos...acredito que minha filha se divertiria também. Talvez algumas pessoas acreditem que tudo o que postei até aqui é besteira. Tudo bem, respeito. Mas...somos culpados por acabar com outra espécie. Eu sou responsável por isso. Você também. Infelizmente a vida força o final de uma espécie. Sentiria-me um pouco mais realizada com a simplicidade em mostrar que um dia existiu um inseto mágico, que emitia luz com seu próprio corpo, pequenino e indefeso, perante o ser humano.

Juli.

quinta-feira, 10 de março de 2011

O que que é maconha, mamãe?

Em todos os canais, estava estampada a imagem do Rio de Janeiro. Pipocando no controle remoto, não havia o que assistir. Polícia de um lado, população de outro, exército chegando...era a guerra da droga. Eu não sei explicar o real motivo...mas minha filha, por alguns instantes queria ser “chefe de polícia”...antes mesmo do caso do Rio. Quando estamos no carro, fica feliz de ver uma viatura. Mais feliz ainda, de fazer um sinal de “tchau” para o policial.
Bom...eu não vou entrar em detalhes sobre esse assunto do Rio. Não é o objetivo do post. Mas, foi a partir daí, que surgiu uma dúvida na cabeça da criança e outra maior ainda...na minha. O jornal estava na cesta de revistas e jornais...com uma matéria enorme na sua capa. Não me recordo muito bem, mas o que sei...é que tinha a palavra MACONHA, em letras maiúsculas e de fôrma. A menina havia aprendido a ler.
- O que que é maconha, mamãe?  - ela perguntou, com toda sua inocência e pureza.
Eu realmente não sabia o que responder. Fiquei preocupada com o que deveria falar, e o que não deveria falar. Ela só tinha seis anos de idade. Eu fui sincera com a menina. Pedi que esperasse um momento para eu ver, como explicaria isso para ela, de uma maneira fácil para ela entender...Balançando a cabeça, concordou em esperar.
- Filha...maconha é uma droga – iniciei uma explicação cuidadosa.
- E o que que é droga mamãe? – perguntou com toda sua inocência.
- Droga, meu amor, é uma coisa que algumas pessoas fumam. Uma coisa que os traficantes, como esses do Rio de Janeiro, vendem – expliquei mais um pouco o assunto, sem abranger demais o tema. Não citei outros tipos de drogas, nem como eram feitos os usos.
- Ah tá... e faz mal?
- Faz muito mal. Para o corpo todo.
- E mamãe... quem fuma droga morre?
- Pode morrer sim. Não é uma coisa boa... faz mal né? – já dizia isso, com uma entonação na voz, dirigindo aquele diálogo para seu final.
- Nossa...eu nunca vou querer fumar maconha mamãe – respondeu sabiamente.
Procurei nesse diálogo não abranger muito o assunto. Acho algo delicado para ser muito explicado nessa idade infantil. As crianças são muito curiosas. Até que ponto ela poderia ter ficado curiosa em saber que efeitos são causados pela maconha? Preferi apenas, dar meu ponto de vista e direcionar a conversa com sutileza.
Outro dia, depois do banho, já instaladas para brincar na sala, surgiu outro comentário da pequena menina.
- Mamãe, hoje na rua tinha um homem que bebeu droga. Ele estava balançando assim (e fez um gesto até que engraçado no momento).
- É mesmo filha?
- É sim mamãe...ele bebeu droga.
- Credo.
E seguimos com nossa brincadeira.

Juli.

quarta-feira, 9 de março de 2011

O Grande dia

O dia tão esperado por duas pessoas...enfim, chegara. Sábado logo após tomar o café da manhã, nos dirigimos ao shopping mais próximo. O dia seria perfeito. E assim, foi. Na loja de brinquedos, o coraçãozinho da menina, tão pequeno como ela mesma, batia ferozmente. Pacientemente e muito contente, mostrei os mais variados brinquedos. O navio pirata era realmente o preferido. A criança estava doida e com um brilho no olhar, feito estrelas na ausência da luz, numa noite. Perguntava-me a todo o momento, se realmente levaríamos o brinquedo naquele dia. Eu respondi com toda empolgação, que sim. Por ter uma caixa enorme, resolvemos almoçar, fazer uma compra para a mamãe e em seguida, retirar o brinquedo. Foi o que fizemos. Ao rodar mais um pouco pela loja, me questionou sobre outro brinquedo. O que seriam “Bakugans”? Eu havia visto a chamada do desenho na televisão, mas não tinha a menor idéia do que realmente era. Nem ela. Apenas possuía o conhecimento de um brinquedo que em seu interior, tinha um imã. Encostado a uma carta, igualmente magnética, o brinquedo se abria, como aqueles carrinhos da minha infância...os “Transformers”. Saímos da loja muito alegres e com ânsia de chegar em casa para poder abrir os presentes. Um Navio Pirata e os “Bakugans”. Este ano, ela estava definitivamente decidida a obter brinquedos diferentes de suas Barbies e Pollys.
Ao chegar em casa, a caixa do Navio, que só coubera no porta-malas do carro, assustou os demais presentes. A menina rasgava o embrulho com toda sua força e pressa. Desde então, pouco se desgrudara do artefato. E ainda afirmou:
- Este é o melhor presente que já ganhei em toda a minha vida. Eu estou muito feliz mamãe.
Objetivo de mãe, cumprido.
Ficaríamos em casa, por conta do feriado de Carnaval, quatro dias juntas. No dia seguinte de ganhar o seu tão amado Navio, a menina recusou um convite de um baile de Carnaval, num clube próximo. Sua vontade era brincar. A minha, também. Divertimo-nos muito. Em outro dia, acabou cedendo a outro convite para um baile. No seu último dia vivendo os seis anos de idade, a menina resolvera não colocar fantasia. Outra coleguinha, fez o mesmo. A menorzinha da turma, com dois anos, logo se trocou. O sentimento de nostalgia, relatado no post “Nostalgia”, estava presente. Encontrei duas amigas do colegial, com seus respectivos filhos. Lembrei-me de muitas risadas que demos no colégio. Felizmente, continuamos com o mesmo sorriso. Curtimos o baile, dançamos, fizemos palhaçadas, tudo isso, enquanto nossas filhas...mal se mexiam. As crianças de seus 30 e poucos anos, se divertiram aos montes. Adorei a experiência. Vamos repetir.
No último dia que eu estaria em casa, na data do Carnaval e por coincidência, dia Internacional da Mulher...por outra coincidência...aniversário do amor da minha vida, fizemos um bolo em casa. Coisa simples, pois este ano ela escolheu comemorar com os amigos...na escola. Em casa, apenas os que ali moram e a namorada de meu irmão, com sua mãe. A festa foi completa. Da maneira como ela quis. O tema? Isa Tk+, uma novela produzida na Venezuela que é televisionada pela Nickelodeon no Brasil. Se vestiu como Isa Tk+ e fez seu show, mais uma vez.
Juli.

sexta-feira, 4 de março de 2011

A falta

Eu sei que um dia vai me fazer falta. Vai me fazer muito mais falta do que já faz hoje. Eu saio de casa, vou ao trabalho, mas ao meu retorno, você está ali. Mato a saudade. Lembro-me de quando eu era criança. Sua mão me conduzia pela calçada. No shopping, a mesma mão me segurava na escada rolante. Sua mão passava em minha cabeça, acariciando meus cabelos, e acalmava de uma maneira positiva, a minha febre. Eu não via seu sofrimento quando estava com mononucleose. Soube tempos depois, que você estivera assustado. Ainda vejo sua mão me apoiando nas minhas decisões. E principalmente, eu vi seus braços esticados e abertos, para me acolher quando mais precisei. Seus braços acolheram a mim e a minha filha. Me desculpe se algo não saiu como você sempre sonhou. Mas, era o que estava escrito na minha vida. Essa é a minha vida. Me perdoe pelas minhas falhas. Mas, você gerou outro ser humano, que erra também, assim como você deve ter errado em algumas situações. Hoje sua mão conduz a minha filha pela calçada. No shopping, a mesma mão segura minha filha na escada rolante. Sua mão passa na cabeça dela, acariciando seus cabelos e acalma de maneira positiva, a febre dela. Ela não vê como sofremos quando ela está doente, ou com algum problema. Aprendi com você, o que é um ser bom. Aprendi com você o que é ser competente, engraçada, responsável, sábia, coerente, mãe, pai, autoritária quando necessário, e feliz. Me ensine mais coisas, se assim desejar, pois eu estou sempre aberta às suas lições. Me perdoe quando não lhe dou ouvidos, às vezes, eu preciso de um maior tempo para reflexão. Obrigada por ser meu melhor amigo, meu companheiro. E tive muita sorte na vida, de poder cruzar com sua alma. Agradeço a Deus e ao Universo, por te ter na minha história. Eu te amo. Obrigada por me mostrar e me deixar lhe mostrar, que algumas coisas precisam ser modificadas para serem melhores. Obrigada por me dar bronca, quando foi preciso. Você estava me educando. Obrigada por trabalhar tanto. Você estava me educando e me proporcionando o melhor. Obrigada por me permitir sentir felicidade nos meus aniversários. Obrigada pelos presentes. Obrigada pela Barbie que me trouxe da Argentina. Você pensou mais uma vez, em mim. Hoje eu continuo segurando a tua mão. Eu sei que você me guia sempre para o melhor e mais prazeroso caminho. Hoje se você estiver com febre, eu vou acariciar seus cabelos. Sem vergonhas eu continuo andando no shopping e nas calçadas, segurando a tua mão. Eu tenho 30 anos, mas continuo sendo parte de você. Eu sou uma extensão tua. Tenho dois ombros caso você precise. Dois braços abertos sempre a lhe acolher. E estico as mãos para seguir junto, nas tuas decisões. Eu te amo. Me dói pensar que um dia você vai me fazer muita falta. Que perderei o chão. Mas, que terei que ainda assim, seguir minha vida com minha filha, para poder fazer com ela, tudo o que fez comigo. Obrigada pai, por tudo.
Juli.

quinta-feira, 3 de março de 2011

O sábio

“Cada criança ao nascer, nos trás a mensagem de que Deus não perdeu as esperanças nos homens.” - Rabindranath Tagore.
Juli.

Nostalgia

Todos nós temos nossos momentos de nostalgia. Encontrar um professor do colegial, por exemplo, nos traz sentimentos de nostalgia. O que difere de se sentir...saudade. Eu tenho saudade de um tempo de minha pré-adolescência...eu tenho saudade da época em que eu jogava futebol, ao invés de estudar para a prova de Física de amanhã. Eu não tenho saudade de tirar uma nota três na prova da professora Fumico, em Biologia. Mas, sei que se encontrar com o Cláudio, meu professor de futebol, vou sem dúvidas, abraçá-lo e sentir uma certa...nostalgia. O que foi vivido e não pode ser mais...vivido. Sinto saudade da turma do colegial...mas, isso não será mais uma nostalgia...eu vou reencontrá-los. Pelos sites de relacionamento, já encontrei muitos. Estou extremamente feliz com esse fato. Alguns, casaram, constituíram família, outros não usam sites e ficam praticamente...excluídos de minha sociedade ativa. Que pena. Saudade do Bocão. Saudade da Monicão. Saudade do Professor Mário. Saudade do Mutti. Saudade do Norberto. Saudade de muita gente. O tempo nessas horas, é meu arqui-inimigo. Me levou e leva, pessoas com tamanha importância em alguma fase da minha vida...e que por descuido...se foram, sem ter como voltar. Aprendi que o tempo é maldoso quando quer. E que por isso, anoto dados dos amigos queridos. Se tirarem do ar, um dia...um site como esses...não quero perdê-los mais uma vez. Agradeço todo dia, por tê-los resgatado. E o amor da pré-adolescência? Outro amor...não o Felipe. O Felipe foi na infância, assim como o Felipe da minha filha. Um amor, escondido. Que ficou no peito, sem nunca ter uma resolução. Eu nunca soube se ele fora interessado em algum momento. Eu nunca me abri. Apenas assisti por meses, um namorico dele...com uma menina do colégio. Vi esse namorico acabar. Vi os dois crescendo, quando me perdi por outros estudos, por outra vida e outros rumos. Nunca mais ouvi falar nos dois. Nem no meu amor, nem na menina que teve o carinho daquele menino. Isso...até alguns anos atrás. Não vou entrar em detalhes, pois hoje ainda não reatamos a amizade como eu gostaria, e não quero que de repente, se ler isto, perceba que é ele mesmo. Admiro suas fotos, quase toda semana. Olho e vejo o que perdi. Não o perdi. Perdi a oportunidade de ter uma resposta satisfatória e a meu favor. Eu me fechei na casca do caranguejo, me escondi, assim...da mesma maneira que fazem outros cancerianos. De uma maneira ou de outra, vou relatando e mostrando também, que tanto faz se eu me esconder ou não. O machucado pode vir. Aprendi isso, com outros amores. Se eu me fechar...me machuco por não tentar. Se eu me abrir...me machuco por ouvir uma resposta negativa. Eu corro um risco também, de ouvir um sim...e tremer meu peito e ver as pernas ficarem bambas. Com isso, me machuco por não saber o que fazer. Me machuco por ter medo e deixar esse amor...passar e me escapar entre as mãos. Eu não sei mais, se gosto de correr riscos.Eu cresci, eu sou mais responsável, sou mãe, não posso admitir jogos amorosos e infantilóides. No quesito amor, eu sempre corri estes riscos. Adrenalina no correr do risco. Isso alimentava a minha alma. O que sinto por esse menino, que hoje é um homem, é nostalgia. Algo que eu não pude ter e não posso fazer voltar atrás para tentar obter. Seria arriscado mais uma vez...a distância. Não quero outra vez essa distância. Demorei anos para encontrá-lo novamente no site de relacionamentos. Isso perdura uns 4 anos já. Nossa amizade não é de todo dia, não é de telefonemas, nem nada mais...Eu percebo, que aquele menininho...é um homem...que também vive em sua casca. A timidez é a sombra. Vamos ver até quando...eu consigo me manter...na minha casca do caranguejo. Me perdoe amigo, mas aquele amor na pré-adolescência...ainda vive...mesmo que em nostalgia.
Juli.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Valquíria

Aqueles que possuem qualquer contato com uma criança, sabem que algumas apresentam certa relutância em relação à hora do banho. Outras são certamente verdadeiros... peixes. A menina que tenho em casa, saída de meu ventre, não é um peixe. Se bem que, ela possui momentos aquáticos. Em se tratanto de verão, pega o chuveirinho e demonstra um banho bem divertido. Por outro lado, no inverno...a preguiça a acomete. Num desses famosos banhos de verão, a mãe da minha filha resolveu tomar um banho...juntinho da pequena. Foi uma verdadeira festa. Tenho maiores explicações para um fato que ocorreu com tamanha bagunça. Um ralado no joelho bastou para que em instantes, surgisse uma boa saída para que uma criança pudesse esquecer a sua dor.
Lembrei-me de quando a criança me questionara sobre o que era ser gay. Se você está lendo este post sem ter lido quaisquer posts anteriores, lhe convido a ler antes deste, o entitulado “Mamãe, o que é gay?”.  Acredito que entenderá melhor o caso que irei relatar.
Valquíria é uma Drag Queen, que trabalha num salão até o período da noite, fazendo cortes de cabelo, penteados, maquiagens e afins. Tem em seu rol de clientes, uma pequena mocinha, que fala pelos cotovelos, deixando-a louca durante todo o atendimento, que ocorre sempre...no banho. Tudo parece confuso até aqui. Vamos esclarecer um pouco mais. Valquíria possui voz melosa, afeminada, com ataques de frescura e histerismo. Mas, faz a maquiagem corporal quase todo dia, na pequena cliente. Seu material de trabalho? Shampoo e sabonete. A dor de um joelho ralado? Nem aparece. Não há tempo de melindres e dores, durante o atendimento de Valquíria...ela literalmente...roda a baiana. A criança? Ri tanto, até quase não suportar e fazer xixi ali...no chuveiro... tudo isso...ocorre...num processo de ensaboamento corporal e esquecimento de arranhões.
Antes de mais um dia de salão de beleza, subindo as escadas...me veio uma informação engraçada. Observe que por mais que a criança tenho tido a informação do que é ser gay...não ouveram maiores assimilações sobre o fato. Detalhe que Valquíria para mim, é uma Drag Queen, amorosa e uma pessoa muito carismática. Um gay. Por outro lado, num diálogo casual, eu tive mais uma vez, a confirmação do que é a inocência infantil.
- Mamãe, a Valquíria pode vir hoje? Por favor?
- Claro, vamos lá, que ela já deve estar no salão.
Nesse momento, minha mãe interviu.
- Quem? – perguntou sem nada entender.
- A Valquíria vovó. É uma mulher doida que tem no salão – respondeu a criança, com a maior naturalidade possível.
- Mulher? Achei que era um gay, ou uma Drag Queen-  comentei sem maldades. Ficava claro para mim, ali...que ela não sabia da existência de Drag Queens, e da maneira como se comportaria tal representação. Particularmente, eu adoro uma Drag. Resolvi não aprofundar nisso e deixar...na imaginação a mulher fresca lhe atender...e na minha mente...a Drag, igualmente fresca...lhe atender.
Já no processo de nos despir, Valquíria apareceu.
- Oi Môoooona, como está queriiiiiida?
- Ah Oi Valquíria...- e com isso, não parou mais de falar. Tão pequenina a cliente, com tantas palavras e frases saindo de sua boca, começava a deixar Valquíria de cabelos em pé.
O banho rolava como uma verdadeira fantasia. Não estávamos mais no chuveiro. Estávamos num salão maravilhoso, cheio de gente chique e com...grana. A cliente? Sairia de lá, satisfeita, feliz e cheirosa. Mais uma vez...eu digo...eu afirmo...como é bom ser criança! Brincar...se todas as pessoas, se propusessem a brincar todos os dias...veriam como é bom e simples, ser feliz e infantil.

Valquíria é requisitada, todos os dias, desde então. O banho...é uma das horas, mais divertidas lá em casa.
Confesso que Valquíria às vezes, assombra meu pai. Sempre procura ele para terem um diálogo. Meu pai? Morre de vergonha de Valquíria e geralmente, sai correndo pela casa. Como essa “mulher” me diverte!
Juli.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A Passagem Secreta

Este post é longo, eu sei. Porém muito interessante. Leia até o fim, garanto que você não vai se arrepender.
Confesso. Eu tive um amigo imaginário na infância. Na minha época, naquela era da geração Coca-Cola, ter 12 anos significava ser criança. Aos 13 e 14, estava descobrindo que namorar era algo interessante. Ou não. Confesso mais uma vez. Eu tive esse amigo...por longos anos...não me recordo exatamente quando ele surgiu. E também nem como e quando ele se foi. Mas...eu sinto muita, muita, muita saudade do Vinícius. Tínhamos mais ou menos a mesma idade. A gente não sabia quem era mais velho. Nunca tivemos essa informação. Acredito que ele tenha ido embora, aproximadamente com 12 anos. Espero muito que ele esteja bem.
Se você estiver se perguntando se eu era uma criança solitária...já lhe informo que não. Eu morava num bloco de apartamentos com muitas crianças. Brincava muito no parquinho e tive muita vitamina S (sujeira). Eu chegava em casa toda preta de sujeira. Minhas roupas...ficavam irreconhecíveis. Obrigada mãe, por recuperá-las.
Li estudos que dizem ser absolutamente normal, uma criança mais sensível e inteligente, criar um amigo como esse, entre 3 e 6 anos de idade. Caso entre na pré-adolescência, com tal amigo, deve-se procurar ajuda profissional. Alguns pais, não levam tal amigo com naturalidade. Nunca chame seu filho de tolo, de maluco. Tolo é você se fizer isso.
O Vinícius aparecia apenas...em casa. A bola quicava na parede e voltava para minhas mãos. Parede? Eu quis dizer...Vinícius. Lanche da tarde em período de férias...era servido para mim, meu irmão e o Vinícius. Playmobil era praticado em dupla. Barbie ele não gostava, era coisa de menina. Que tonto. Carrinhos, ele adorava estacionar. Mas...eu brigava muito com ele, por não querer me ajudar a guardar os brinquedos utilizados. Ele estudava em outro período e escola. Agradeço aos meus pais, por terem levado o caso com inteligência e sabedoria. Eu nunca fui recriminada por ter tamanha imaginação. Hoje, tenho grande criatividade desenvolvida, graças aos meus pais me permitirem desde cedo, colocá-la em prática.
Minha filha não seguiu por este caminho. Mas...por um caminho bem semelhante. Algumas crianças...não imaginam amigos como humanos...mas podem utilizar um objeto para o mesmo fim. Como citei...o Filis e o Henrique são seus maiores amigos. São objetos.
Será que existe alguma explicação química para esses episódios? Não sei. Por mais que digam ser normal, pois crianças possuem imaginação e vivem em mundos de sonhos...o que diferencia umas terem tal tipo de amizade e outras não terem? Se são todas crianças...todas deveriam ter então. Se alguém souber me explicar melhor...agradeço. Estou à disposição.
A menina que completará sete anos, no próximo mês, possui não um amigo imaginário, mas demonstra grande imaginação. No corredor interno da casa, no piso superior, próximo a frente da porta do seu quarto, existe nada mais, nada menos...do que...uma passagem secreta. Acredito que essa idéia tenha vindo, do jogo que lhe apresentei um dia.” Hero Quest” um RPG de tabuleiro, cheio de monstros, feitiços, magias, arminhas, heróis, abismos, passagens secretas, tesouros e uma quinquilharia mais que pode suportar um jogo de RPG. A garotinha ficou encantada com o mesmo. No entanto, a passagem secreta no corredor da casa, surgiu meses depois de ter jogado o “Hero Quest”.
Cheguei do trabalho, depois de um dia cansativo. Meus pais estavam em casa, e minha filha também. Estava de férias. Um calor beirando o insuportável. Chamei por ela. Sem resposta. Chamei novamente. Sem sucesso. Minha mãe achou estranho e comentou que ela disse que “ia dar uma volta”, e sumiu pelo andar de cima. Meu coração mais uma vez na minha vida, foi parar na minha boca. Consegui engoli-lo de volta. Chamei um pouco mais alto. Crianças...quando avisam que vão fazer algo pleno de criatividade e simplesmente...somem...ou se silenciam...é sinal verde de que algo está para acontecer. Desastroso ou divertido...é esperar ou não, para se ver o resultado. Com a tentativa um pouco mais alta de chamar-lhe pelo nome, ela apareceu...
- Ah...oi mãe...desculpa, eu não te ouvi pois eu estava longe. Fui na casa da Mayara e voltei.
Por instantes...eu me calei. Esperei no pé da escada, para abraçar carinhosamente aquela pequena criatura. Estava cheirosa. De camisolinha azul. Naquele primeiro momento, não dei atenção pelo fato de ter literalmente “viajado” até a casa da Mayara. Mayara, é sua melhor amiga na escola. Conversando com meus pais, preparando o prato da pequena para o jantar, ela entrou na cozinha com os pés descalços.
- Mamãe, eu preciso muito te contar um segredo. Você pode vir aqui na sala, só um minutinho? –me pediu carinhosamente.
- Claro.
Dirigimo-nos para o sofá. Sentamos e ela sussurrou ao meu ouvido.
- Mamãe, não conta pra ninguém. Não conta nem pra vovó, nem “pro” vovô, e nem “pro” titio. Pra ninguém.
- Tudo bem filha, não vou contar. Diga amor, o que houve? – respondi em seu ouvido, bem baixinho.
- Lá em cima mamãe...tem uma passagem secreta.
Naquele momento sim, eu entrei em sua fantasia. Não me ocorreram imagens e pensamentos nenhuns de qualquer perigo ou equívocos, em alimentar aquela brincadeira. Eu tenho verdadeira fixação sobre o mundo mágico e infantil. É sem dúvidas, o mundo mais do que perfeito. É puro e inocente.
- Sério filha? Onde? Você entrou nela? – continuei, demonstrando curiosidade e crença no que ela havia dito.
- É mamãe, é na parede, perto do nosso quarto. Eu te mostro. Mas, não fala pra ninguém, tá?
- Não falo não. Pode deixar. Você quer me mostrar agora ou mais tarde?
- Pode ser agora.
Subimos em silêncio. Minha mãe estava próxima do local. Esperamos. Disfarçadamente, aguardamos o melhor momento para continuarmos com nosso...segredo. Logicamente, estavam as duas, eu e minha filha, com a feição de estar cometendo...um crime. Era nítido que estávamos escondendo algo. Assim que minha mãe entrou no banheiro, a pequena me mostrou o local.
- É aqui mamãe – colocando as duas mãos esticadas na parede.
- É? – e fiz o mesmo que ela.
- Sim – e começou a empurrar a parede.
- Huuuuuur... – a imitei.
- Nossa...não está abrindo. Eu acho que é porque você está aqui – falou apreensiva e me olhou.
- Tudo bem querida. Mais tarde, você volta. Tenho certeza de que vai abrir. Eu também acho que porque estou aqui, não está abrindo. Isso acontece.
E descemos para jantar. Quando perguntei sobre o passeio dela para a casa da amiga, pela passagem secreta...ela respondeu que tinha sim me escutado chamar. Mas, pensou que eu não ouviria caso ela respondesse que já estava voltando. Pedi então, que quando ela estivesse dentro da passagem secreta, e alguém a chamasse, ela tentasse falar mais alto...que já estava voltando de seu passeio. Com isso, ficaríamos mais tranqüilos e aguardaríamos o seu retorno, sem problema nenhum. Ela concordou. Fantasie, e verá o quanto é capaz, a mente de seu filho.
Juli.

Papo de Criança, mãe!

Apenas seguindo o post “Fui pra diretoria”, ocorreu um episódio correlacionado e um tanto engraçado. Algumas vezes, quando você está em meio a uma conversa, a criança chega eufórica falando outro assunto e cortando o diálogo, como um trem bala. Com processo de repetição de educação, percebe-se que eles aprendem que isso, é errado. Mas, como todos algumas vezes, repetimos os mesmos erros...esses seres pequeninos, também os cometem. Sempre a melhor maneira, é explicar com tranqüilidade que naquele momento, ela deve aguardar um pouco, a sua vez de falar. Lógicamente, se for algo emergencial, largue tudo.
Com minha filha, também sempre foi assim. Basta ser criança. E na maioria das vezes, ela mesma quer saber sobre o que é o assunto rolando, entre os adultos. Nem sempre é possível, envolver a criança no tema. Digo apenas...que é papo (coisa) de adulto e quando crescer, posso lhe explicar melhor, mas aquele...não é o momento. Incrivelmente...ela entende e respeita. Outro dia numa brincadeira na cama da mamãe...veio o assunto.
- As aulas vão começar mamãe, faltam quantos dias?
- 10 dias, querida.
- Vou precisar ter uma conversinha com a Gabriela.
Ouvi aquilo enchendo minha mente de dúvidas. Alguns adultos, quando falam que terão “uma conversinha” com fulano...é por que vão se segurar ou não, para não sair aos tapas. Continuei atentamente.
- É mesmo filha? – perguntei para que o diálogo se desenrolasse.
- É mãe...
- O que você quer conversar com ela?
- Ainda não sei mãe. Preciso falar alguma coisa...ela precisa mudar o jeito dela.
- Bom...pode conversar com ela, com calma...nada de bater, certo? – minha mente estava totalmente embaraçada.
- Eu sei mamãe. Na verdade eu ainda não sei mesmo o que vou falar. Ah mãe!!! É papo de criança!!!
Lembrei de quando eu falava que tal coisa...era...”papo de adulto”. Tal frase, confirmou o que sabemos. Tenha cuidado, uma criança observa muito. Uma criança, ouve muito e assimila. Não subestime esses seres pequeninos. São pequenos...mas não são...bobos.
Juli.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Retorno de Saturno

Eu estava prestes a completar 30 anos de idade. No entanto, não queria saber de comemorações em bares, baladas e afins. Minha vontade era cortar o bolo tão esperado pela minha filha. Resolvi que seria assim. Um bolo, em casa.
Algumas coisas estavam um pouco diferentes em minha mente. Estava pensativa sobre trabalho, família, maternidade, dinheiro, amizades, amores e saúde. Os pensamentos eram raios que cruzavam-se em meus pensamentos. Mas, minha postura era mais firme perante tantas coisas. Comecei a perceber como eu estava diferente. Porém, um pouco triste. A comemoração fora perfeita. Simples e aconchegante.
Um amigo de longa data, estava on-line no nosso famoso MSN. Comecei a conversar e explicar o que eu estava sentindo. Foi quando este sábio amigo... me apresentou o Retorno de Saturno. O Retorno de Saturno significa que o planeta em questão, transita posicionando-se depois de 28 a 30 anos, para o mesmo local em que ele estava quando nascemos. E isso, significa mais ainda que...é como uma passagem, um renascimento. Tudo seria diferente. Não seria mais possível agir apenas por impulsos, pois qualquer ação...passaria a ter mais conseqüências. Ele tinha razão.
Passados alguns meses depois do aniversário, esses pensamentos confusos, clarearam. Soube exatamente e definitivamente, o que me daria prazer em trabalhar. O que não quer dizer, que meu trabalho atual, não me seja prazeroso. Ele é. Mas, não é o que quero fazer pelo resto da minha vida. Até então, eu não sabia que outra faculdade fazer, que pós começar, cursos e etc. Isso havia ficado definitivo como objetivo próximo. Realmente passei a olhar para minha filha, com olhos muito melhores. Quando dava banho nela, estava realmente dando banho nela... não estava mais em meio a pensamentos vagos. Até então, isso acontecia com certa freqüência. Afinal de contas, não sou perfeita... sou um ser humano que erra também. Tornei-me mais responsável. Em tudo. Passei a pensar melhor, no que gastar o dinheiro recebido pelo mês trabalhado. Até então, não pensava em nada... chegava a ficar no zero...sem raciocinar direito sobre os meus gastos. Hoje, as aplicações... são inteligentes. Amizades que não me faziam bem, que me ofendiam e não me respeitavam mais, nem a minha filha, foram deixadas para trás. A sensação, fora de se deixar para trás, um peso. Hoje, reatei amizades, verdadeiras e sinceras. Respeitosas e adultas. Os amores que não se enquadravam como laranjas inteiras... tornaram-se laranjas podres...e foram tiradas de meu caminho. Meu suco ficou muito melhor sem as mesmas. Minha saúde, ainda não foi melhorada...será preciso pensar nisso. Como proceder para que seja melhor.
Porque então, eu estava triste naqueles primeiros momentos?
O peso de ser mais responsável é grande. O fato de não nos sentirmos mais, tão dependentes da família, que está até hoje conosco, que trocara minhas fraldas, entristece. Crescer e pensar que se está envelhecendo, um pouco...entristece. Fatores na vida da gente...simplesmente...entristecem. As pessoas possuem medo de admitir...mas muita coisa...entristece. Dia nublado para uns...entristece. TPM...entristece...Carro quebrado...entristece. Mas tudo...é passageiro. Tudo.
Agradeço todo dia, por ter sentido...as sensações e os sintomas do Retorno de Saturno.
Juli.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Fui pra diretoria

Com a entrada da minha filha na nova escola, novos problemas foram encontrados e da melhor maneira possível, resolvidos. Problemas infantis, não devem ser atropelados em seu curso...procure sempre, dialogar muito com seus filhos, mesmo que pensem, que sejam tão pequenos e que não entenderiam esse ou aquele assunto. Acredite, eles entendem.
Mesmo que seu filho procure uma mentira para fugir de certos acontecimentos, tenha calma... a verdade sempre é descoberta. E não precisa entrar em pânico, crianças mentem. Em algumas idades crianças mentem, pois ainda estão envolvidas em suas imaginações grandiosas e criatividade esplêndida. Outras ocasiões, se a criança mente para se safar de algo...deve-se chamar a atenção. Dor de cabeça, dor de barriga, dor na mão, para não ir para a escola e no período, brincar ferozmente, sem lembrar de nenhuma dor...e se você perceber que está mentindo, constantemente (todo dia)para alterar e convencer você de algo...procure orientação...saberá como agir. Ela pode realmente estar com algum problema na escola, em casa, na “perua” escolar, ou simplesmente...está mais afim de brincar do que estudar. Mas por favor...não bata no seu filho, por experiência própria, eu sei que não há a menor necessidade de um tapa. Juro. O diálogo ainda é a melhor maneira de ser relacionar, com outro ser humano.
A minha filha...sentia dores de cabeça...todos os dias na escola...melhorando apenas...com o famoso...”cházinho”. O chá...por sua vez...era mágico e milagroso. Tudo não passava de uma fuga infantil.
Fui chamada na escola da pequena, cinco vezes no ano passado. Pasme, apenas UMA tinha relação extrema causada pela minha filha e foi a mais suave e tranqüila...de todas. As outras quatro, foram desentendimentos entre a escola e OUTRA mãe e aluna. Vou explicar...vamos clarear essa nuvem estranha, que agora está dentro do seu crânio.
Na primeira chamada, quando recebi a ligação, meu coração veio até a minha boca, mas por sorte, eu consegui engoli-lo novamente. Eu estava sendo chamada para conversar com a orientadora educacional. Não me adiantaram o assunto, e eu com o susto, também não perguntei muito...Não trabalhei mais naquele dia. Não me alimentei direito. Não sei como eu consegui dirigir. Minha cabeça, estava voando. Eu só conseguia pensar, o que poderia ser? Minha filha querida, o que havia acontecido? Foi necessário...suco de maracujá e calmante natural. Não preguei o olho, tive pesadelos. Pode parecer exagero...mas quem tem filhos, sabe como as preocupações naturalmente apenas...surgem. Eu sou mãe. E sou pai também. Me sinto duplamente...responsável.
As outras ligações, me soaram iguais a primeira. Os sintomas que tive, foram os mesmos.
O que ocorria, era que a amiga Gabriela (cujo pai, explicou-lhe equivocadamente, o que é ser gay – vide post “Mamãe, o que é gay?”)...havia adquirido um sentimento de posse, perante a minha filha. Minha filha como já citei, é de fácil amizade e convívio. No entanto, a outra colega, não permitia que minha filha, tivesse outras amizades. Chorava, se jogava no chão, fazia birras em meio ao pátio do colégio...empurrava as demais que se aproximavam de minha filha, continuava a colocar pertences na lancheira da minha filha, a qual sofrera muito, com tanta pressão. Pense nisso, uma criança de seis anos sofrendo...todos os dias..pressão de um colega na escola. Era um martírio para minha menina. Estava claro para mim, que a menina Gabriela, precisava de ajuda de sua família e de um profissional. Por mais que eu falasse na escola, que acreditava que isso não seriam motivos para me chamarem e sim, apenas a outra mãe, eu respeitosamente e pela minha filha, atendia aos pedidos de presença, feitos pela orientadora. Até a última chamada. Já não suportava mais, tal história. Nesta última chamada...me foi relatado que a minha filha, batera e gritara muito com a outra menina. No entanto...minha filha, chorava, não queria mais ir a escola, não dormia mais, estava sempre com dores...tudo por causa de tanta pressão. Ela simplesmente...explodiu. Apenas concordamos, a escola e eu, de que por opção da minha filha, ela se afastou de tal menina e eu orientaria de que, agressões físicas não são o melhor caminho a se seguir. Sendo assim, se ela fez a opção dela, corretamente ao meu modo de ver, deveria ser respeitada. Soube desta vez, que a criança Gabriela, tinha realmente alguns problemas, necessitando então de psicopedagogos. Talvez ciúmes pelo irmão mais novo. No entanto, concordamos também que isso não era minha filha que resolveria. Jamais poderia ser responsável por cuidar e resolver, os problemas de outra criança. Ficara claro que eu, não mais atenderia chamados, caso o assunto fosse...Gabriela. Eu atenderia...caso fosse...minha filha. Hoje, a escola e eu, seguimos com um bom relacionamento, muito bom por sinal. Senti respeito pela minha filha e por mim. Senti respeito pelas opções de minha filha. Respeito pelo encaminhamento que dei, tentando demonstrar desde já...o que são boas amizades...e o que não são.
Hoje, ela segue em tranqüilidade total para a escola. Principalmente, por saber que a outra menina...estuda em outro período agora.
Juli.